domingo, 11 de julho de 2010

um guarda sol se desprende da areia - capítulo 6 xx


- É responsabilidade de nós dois, então... Eu me caso com você. – Paralisei. Eu esperava qualquer coisa, menos um pedido de casamento. Na verdade eu não queria me casar, mas isso seria bom para meu filho, e meus pais confiariam mais em mim. Era o certo a fazer. Aceitei.
Depois de uns dias, havia chegado o dia do meu casamento. Nós não faríamos festa, nem cerimônia religiosa, afinal nosso casamento não era motivo de felicidade. Era apenas uma oficialização, pois nós já estávamos morando juntos, num apartamento da mãe dele. Seria mais um dia como qualquer outro. Juro que nunca quis me casar, mas as poucas vezes que pensei nisso, me imaginei vestindo um vestido branco com uma armação enorme, o cabelo com um penteado super elaborado, e uma festa enorme, com tudo planejado nos mínimos detalhes. E agora estou aqui, indo ao cartório, com um vestido preto surrado e rasteirinha velha, para assinar uns papéis e voltar pra casa e comer macarrão de pacote e bolacha recheada. Pelo menos, eu tinha minha própria casa. Não era bem minha, mas pelo menos só eu e Davi morávamos lá. Ele me dava liberdade total, coisa que eu não tinha desde que minha mãe havia descoberto que eu usava drogas. Eu estava solta, fazia o que eu queria, na hora que queria, do jeito que eu, apenas eu queria.
- Você está feliz? – me surpreendi com a pergunta de Davi, será que ele se importava com minha felicidade? Será que ele se importava comigo?
- Eu não sei. Eu nunca pensei que tudo isso iria acontecer na minha vida. Acho que estou em estado de choque ainda.
- Será que um dia eu vou conseguir te fazer feliz? – fiquei chocada. O garoto que havia casado comigo por obrigação, agora realmente queria me fazer feliz. A gente nem se conhecia direito e estávamos casados e morávamos juntos, e mesmo assim, ele fazia de tudo para eu me sentir bem. Ele poderia me amar. Mas não havia motivos para isso, e por essa razão não respondi sua pergunta.

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