sexta-feira, 25 de junho de 2010

um guarda sol se desprende da areia - capítulo 4

Precisava me certificar, então fiz logo um teste de farmácia. Eu não estava enganada, infelizmente não. Como eu pude ser tão idiota? Para esquecer um problema arranjei outro problema! Agora, além de drogada, eu era a adolescente grávida. O exemplo que não deve ser seguido. E o pior, futura mãe solteira. Porque onde eu iria achar o Davi? Na praia quem sabe, mas de qualquer forma, eu não queria ele por perto, ele me usou, foi um canalha para mim, e ele não merecia me ver outra vez. Mas e o bebê? Eu estaria privando-o de ter um pai, tirando os problemas que meu tempo como usuária de drogas poderia lhe causar. Talvez, seria melhor se ele nem nascesse.
-Não posso fazer isso, você está ficando louca Luisa? – falei comigo mesma. Eu só podia estar louca mesmo, pensar em aborto. Privar meu filho de viver. Senti um arrepio percorrer meu corpo, eu não iria matá-lo. Ele iria viver, mesmo vindo na hora errada, eu iria passar por cima de tudo e fazê-lo feliz.
Me acordei depois de um pesadelo horrível. O pior foi quando eu descobri que não foi apenas um pesadelo, eu estava grávida mesmo. Tive vontade de gritar, mas eu não podia. Calei minha boca com as mãos, e não consegui me controlar. Meus joelhos cederam, e eu caí sufocada pelas lágrimas. Como seria tudo daqui pra frente? Eu tinha medo, mas eu devia contar para os meus pais. Seria a coisa mais difícil, mais difícil do que quando assumi meu vício para eles. Resolvi contar para minha mãe primeiro, ela entenderia. Ou ao menos aceitaria.
- Mãe, eu preciso falar com você.
-O que foi? – contei-lhe a história. Eu tremia muito, e fiquei com tanto medo que pensei que poderia ter um ataque do coração ali mesmo. Minha mãe ficou chocada, óbvio. E eu assustada com sua reação. Ela não falou nada durante minutos, apenas paralisou, e o máximo que fez foi sentar no sofá. Depois de um silencio atrapalhado apenas por meu choro, ela resolveu falar:
- Você precisa contar isso ao seu pai. – sim, era óbvio que eu precisava. E contava com a ajuda dela, mas não sabia mais se ela faria isso por mim.
- Mãe, me ajuda. – sussurrei desesperada.
- Eu falo com ele. – Minha mãe foi seca ao responder. Eu juro que esperava apoio, ou apenas um consolo, mas ela não o fez. Agora ela iria contar pro meu pai, e as coisas piorariam. Ela tomou água, e se dirigiu à sala, para falar com meu pai. Me sentei no chão e esperei.

quarta-feira, 16 de junho de 2010

um guarda sol se desprende da areia - capítulo 3 *-*


- Ok, eu vou explicar tudo. – me entreguei, sabia que eles me mandariam fazer isso. – Eu fui pra praia, pensar um pouco, uma praia deserta, que só eu conheço. Fiquei lá, e perdi a noção do tempo. Quando vi já era noite, e eu acabei dormindo lá. Só isso.
- Você ficou todo esse tempo sozinha, numa praia deserta que só você conhece? Luisa, por favor, não minta para mim. – meu pai me apertou.
- Juro que isso é verdade. Eu estou fazendo o maior esforço pra me curar, pra não usar mais a droga, e ir pra lá me alivia, me faz esquecer tudo.
- Eu acredito em você filha, agora vá descansar um pouco, dormir na praia não deve ser muito agradável. – minha mãe me conhecia, eu sabia que ela não tinha caído nessa história, mas não queria falar isso na frente do meu pai, que era bem mais intolerante. Com certeza, ela iria me forçar a falar depois de uns dias, indiretamente, mas iria.
De qualquer forma, segui o conselho dela, e fui descansar um pouco. E fiz isso por dias, só descansei. Eu já não ia mais à escola, eu iria repetir o ano mesmo, então decidi me curar do meu vício antes, e depois me dedicar aos estudos. Eu era jovem, tinha apenas 16 anos, um ano não me atrasaria muito. Mas ultimamente, coisas estranhas estavam acontecendo comigo. Eu estava ficando enjoada demais, e tinha vontade de comer coisas muito estranhas. Não sabia o que era, mas não queria preocupar minha mãe com mais uma coisa, então pesquisei na internet, afinal, ela era minha única amiga. O resultado me assustou, tudo dizia “Gravidez”, e isso era atormentador. Comecei a me lembrar da praia, do guarda sol, do Davi. Eu não conseguia me lembrar, mas realmente havia a possibilidade de eu estar grávida
- Não! – sussurrei. Eu não podia estar grávida, eu não queria, eu não devia. Isso não estava nos meus planos, não! Tentei desviar meu pensamento, me enganar, fingir que podia ser outra coisa, mas não era. No fundo eu sabia essa coisa de instinto maternal. A mulher sabe quando ela vai ser mãe, e isso é incontestável.

continuem lendo, semana que vem te mais um capítulo *-*

sábado, 12 de junho de 2010

oscilações do humor

vocês sabem o que é se sentir só em meio a uma multidão ? pois é assim que me sinto. E acho engraçado, pois eu não estou triste, mas também não estou feliz. Isso está acontecendo apenas hoje, porque durante a semana nunca me senti tão bem. Eu tive uma semana maravilhosa, e sem nenhum motivo especial, aconteceu tudo de forma tão normal. E assim, mudando de humor repentinamente é a vida de um adolescente. Posso acordar a pessoa mais feliz do mundo, e dormir chorando, ou vice-versa. Não sei porque isso acontece, mas não procurarei uma resposta. Sei que vou encontrar explicações científicas, e eu não quero isso. Prefiro pensar que são meus sentimentos, que são os acontecimentos, que são as coisas que dão essa pitada especial na minha vida. Os momentos que vivo, e que são únicos, que podem ser bons ou ruins, mas que se tornam especiais por existirem. Por isso, mesmo odiando essas oscilações do humor, elas tem seu lado bom, pois podem nos tirar de uma fossa para uma felicidade extrema *-*
Tudo tem seu lado bom, vamos aproveitar isso (:
um beijo, amo vcs :*

terça-feira, 8 de junho de 2010

um guarda sol se desprende da areia - capítulo dois *-*


Ele se abaixou, e olhou dentro de meus olhos:
- Nem esse mar incrível tem a cor de seus olhos. - Uma cantada barata, e velha, mas que foi suficiente para me derreter por ele.
- Obrigada, seus olhos também são lindos.
E assim começou nossa conversa, uma troca de elogios. E foi assim até o final, porque ela não durou muito também. Eu sabia das intenções dele, e, estranhamente, eram iguais as minhas. Eu estava carente, e totalmente vulnerável, e queria me entregar. Já havia anoitecido, e eu não me importava com o que meus pais iam dizer, ou pensar. Eles nunca iam me encontrar mesmo. Eu havia achado uma oportunidade de esquecer a droga, ou a falta que ela me fazia, e eu não ia perdê-la por nada. Entreguei-me.
O sol estava quente quando bateu no meu rosto, e isso fez com que eu me acordasse rapidamente. Me sentei e percebi que eu estava na praia, que eu havia dormido na praia. E o pior, que eu tinha me deitado acompanhada, e acordado sozinha. Claro, eu devia imaginar, ele se aproveitou de mim, e foi embora. E agora, eu estava encrencada por ter dormido fora de casa. Muito encrencada.
Coloquei meu casaco, e voltei pra casa, na esperança de que ninguém tivesse acordado ainda. Mas como a sorte não é minha aliada, abri a porta e dei de cara com meus pais sentados no sofá me esperando. Ia começar o interrogatório, ia começar as cobranças, e as brigas de novo. Tive vontade de sair correndo, voltar pra minha praia. Mas já não dava mais tempo, agora eu teria que explicar tudo. Mas como eu iria explicar? Resolvi mentir, era o melhor a se fazer.

aguardem o capítulo três, hihi *-*